quarta-feira, outubro 15, 2008

Reflita antes de ir ao açougue

por Jaqueline B. Ramos*

A recente declaração do Prêmio Nobel da Paz, Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), de que as pessoas deveriam considerar comer menos carne como uma forma de combater o aquecimento global ratifica um alarme dado pela própria ONU há dois anos, com o lançamento do relatório A Grande Sombra dos Estoques Vivos: questões ambientais e opções.

O documento, assinado pela FAO, a agência da ONU para Agricultura e Alimentação, conclui que a pecuária industrial (leia-se a produção de carne, laticínios e outros produtos de origem animal em larga escala) é responsável por 18% do total de emissão de gases ligados diretamente ao aquecimento global. A porcentagem é maior do que a soma da poluição causada por todos os meios de transporte do planeta, que chega a 13%.

"Entre as opções para reduzir as mudanças climáticas, mudar a dieta é algo que deveria ser considerado”, declarou Pachauri num encontro promovido em setembro, na Inglaterra, pela organização Compaixão nas Fazendas Mundiais (CIWF, em inglês). Essa associação é a base de outro documentário, Meat the truth (Carne, a verdade, ou, num trocadilho em inglês com a pronúncia das palavras meat – carne – e meet – encontrar, conhecer – Conheça a verdade).

Meat the truth é uma produção da fundação holandesa Nicolaas G. Pierson e teve estréia mundial em maio desse ano em Londres. Aqui no Brasil, ele não deve vir tão cedo. Há um jeito de não ficar esperando sentado. Mas dá um certo trabalho. É preciso ir até o site do filme e entrar em contato com a fundação. Alguém lá então faz um login e entra com uma senha para que o filme possa ser visto pela Internet.

“A fundação já vinha pesquisando estudos que mostravam que uma dieta vegetariana se caracteriza por uma emissão menor de gases poluentes, se comparada à dieta que inclui carnes”, diz Karen Soeters, diretora de Meat the Truth. E quanto mais a gente se dava conta do quanto a pecuária industrial era impactante para o clima, mais nos perguntávamos sobre o porquê de Al Gore não ter feito nenhuma citação do assunto em seu filme Uma verdade inconveniente. Começamos a desconfiar que esta verdade talvez fosse muito inconveniente para ele”, explica Soeters, remetendo ao fato de Gore ser dono de criações de gado. (...)

Veja a matéria completa no site O ECO.

*Matéria publicada no site O ECO em 14/10/2008

quarta-feira, outubro 08, 2008


CIRCO SEM ANIMAL É MAIS LEGAL: Espetáculos em Brasília
O leão Zeus trabalhava no circo Moscou, mas felizmente foi doado para o projeto GAP, onde atualmente vive em um santuário (foto de Jaqueline B. Ramos)

Com o objetivo de expor à sociedade o valor do trabalho dos artistas circenses, valorizando a atividade artística e demonstrando que não é necessário o uso de animais no picadeiro, o Projeto GAP – Grupo de Apoio aos Primatas, o Ibama – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e a Fundação Jardim Zoológico de Brasília, com apoio do Ministério Público do Distrito Federal, decidiram se unir e atuar em prol de circos que não usam animais. Para tal levam ao Estádio Mané Garrincha, na capital federal, um espetáculo grandioso, sem exploração animal, chamado “CIRCO SEM ANIMAL É MAIS LEGAL”.

O projeto é uma parceria do GAP, Ibama e Zoológico de Brasília com o antigo Circo Mágico Moscou, composto por artistas de família circense de 160 anos de tradição. Esta parceria é emblemática porque o circo em questão, conhecido pela utilização de animais em seus espetáculos, recentemente abriu mão desta prática e entregou seus animais – um chimpanzé, um leão, uma tigresa, uma ursa e um babuíno - ao Projeto GAP, para que estes pudessem desfrutar de uma vida digna em um santuário.

Os espetáculos do projeto “CIRCO SEM ANIMAL É MAIS LEGAL” têm como objetivo a educação ambiental, demonstrando para as crianças e para o público em geral que não é necessário explorar animais para haver diversão. Além disso, serão realizadas sessões especiais e oficinas de atividades circenses gratuitas para estudantes de escolas públicas, em parceria com o programa “Escola é o Bicho”, da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) e Escola da Natureza, realizado em Brasília. A lona antichama montada para o espetáculo tem capacidade para receber até 2 mil pessoas sentadas em cadeiras individuais.

Porque não usar animais em circos?

O circo é uma das manifestações culturais mais antigas do homem e tem como objetivo entreter adultos e crianças através das habilidades dos artistas que dedicam suas vidas ao espetáculo. A riqueza do talento artístico que faz uma criança sorrir nada tem a ver com o cenário de animais selvagens mantidos em cativeiro e sendo tratados como objetos de uma atração.

Os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Paraíba e cerca de 50 cidades, entre as quais Curitiba, Florianópolis e Campo Grande, já têm leis que proíbem o uso de animais em circos. Manter animais em cativeiro para demonstração em espetáculos é uma prática arcaica e a idéia é que seja decretado, oficialmente, o seu fim.

O Projeto de Lei 7291, de 2006, está sob análise da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados e dispõe sobre o registro de circos e o emprego de animais da fauna silvestre brasileira e exótica na atividade circense. Um substitutivo do PL propõe instituir a proibição de uso de animais em circos em todo o país e uma audiência pública para discutir abertamente o assunto está agendada para o dia 4 de novembro, em Brasília.

A aprovação de uma lei federal que proíbe o uso de animais em circos colocará o Brasil ao lado de países como Áustria, Dinamarca, Finlândia e Índia, que já oficializaram o fim de circos com animais em seus territórios.

Serviço:
Espetáculo “CIRCO SEM ANIMAL É MAIS LEGAL”
Local:
Estádio Mane Garrincha, Brasília.
Data: Estréia em 17/10/2008, com temporada até 08/11/2008.
De terça à sexta-feira: um espetáculo diário às 20:30h.
Sábados, domingos e feriados: três espetáculos diários, às 15h, 17:30h e 20:30h.
Ingressos a partir de R$ 10, com distribuição de bônus de descontos.

Participação do projeto nas atividades do dia 12/10, Dia das Crianças, do programa “Escola é o Bicho”, da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) no zoológico de Brasília e no Parque da Cidade.