segunda-feira, outubro 09, 2006



Pequenos desconhecidos

Saiba quem são e como vivem os seis pequenos felinos brasileiros

Por Jaqueline B. Ramos*

Eles são felinos que pesam menos de 15 quilos e alguns poderiam ser facilmente confundidos com gatos domésticos se não fosse por três motivos: são extremamente selvagens, têm a maior parte de sua área de ocorrência em território brasileiro e, infelizmente, quase todos estão na lista de espécies ameaçadas de extinção. Trata-se dos pequenos felinos, um grupo de seis espécies consideradas de médio e pequeno porte. A única (ou mais) famosa – e a maior em tamanho – é a jaguatirica. As outras espécies são pouquíssimo conhecidas tanto no mundo científico como pelo público em geral, mas algumas têm características que as tornam muito especiais. O gato-maracajá, por exemplo, é o único felino do mundo que tem a capacidade de descer de uma árvore de cabeça para baixo. Não seria exagero afirmar que ele é uma espécie de “gato macaco”.

Apesar da maioria das espécies de felinos existentes no Brasil ser de pequeno porte, a biologia, ecologia e conservação destes animais começaram a ser estudadas com a profundidade merecida muito recentemente, mais precisamente desde julho de 2004, com o Projeto Gatos do Mato – Brasil. O projeto é coordenado pelo Instituto Pró-Carnívoros, uma organização não-governamental sediada na cidade de Atibaia, em SP, que atua na conservação dos mamíferos carnívoros e seus habitats através de pesquisa, manejo e educação, tendo outras 10 instituições parceiras. O projeto é financiado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente, com apoio da FAPEMA (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Maranhão), Conservação Internacional – Brasil e FATMA (Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina).

“A importância do estudo dos felinos se justifica pelo seu papel ecológico. Eles são animais predadores de topo e alimentam-se exclusivamente de carne de vertebrados. Seguramente por isso exercem uma pressão e controle nas populações de suas presas e interferem significativamente no equilíbrio ecológico e na dinâmica da composição da comunidade dos ecossistemas”, explica o biólogo da Universidade Estadual do Maranhão Tadeu Gomes de Oliveira, coordenador geral do Projeto Gatos do Mato – Brasil, membro do grupo de Especialistas em Felinos da IUCN (The World Conservation Union) e co-diretor da Aliança para Conservação dos Felinos Sul-Americanos. “Vale também ressaltar que a superpopulação de espécies que são suas presas pode vir a ser prejudicial para o próprio homem, o que reitera a importância da conservação destes felinos”, afirma Tadeu.

* Matéria completa na edição n. 30 (outubro 2006) da revista Terra da Gente