terça-feira, setembro 29, 2009

CURTAS AMBIENTAIS

Por Jaqueline B. Ramos*

Amazônia em regeneração

De acordo com recente levantamento consolidado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), cerca de 20% das áreas desmatadas na Amazônia possuem florestas em regeneração. É a primeira vez que essas matas secundárias - também chamadas capoeiras - são mapeadas em detalhe, com base em imagens de satélite.Os resultados já estão prontos para os Estados de Mato Grosso, Pará e Amapá, que juntos têm uma média de 19,5% de áreas desmatadas em regeneração. Os demais Estados serão mapeados até o fim do ano e segundo pesquisadores do Inpe a média não deve variar muito.

Vistas do solo, as capoeiras podem até parecer uma floresta nativa, com árvores grandes. Porém, vários estudos relatam que elas dificilmente recuperam a biodiversidade das florestas primárias que foram derrubadas. São tipicamente formadas por menos espécies, tanto de flora quanto de fauna, e têm menos biomassa - o que significa, também, menos carbono.

Mapa climático circuito Rio-SP

As maiores cidades brasileiras, Rio de Janeiro e São Paulo, terão seus riscos e impactos do aquecimento global mapeados por um estudo inédito do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em conjunto com a Unicamp. O projeto foi anunciado em julho e segundo o pesquisador Carlos Nobre, coordenador do mapeamento pelo Inpe, a idéia é traçar os principais impactos e propor ações para amenizar os efeitos do aquecimento global nas duas cidades.

O mapeamento no Rio e SP consiste numa proposta piloto que servirá para posterior aplicação em outras metrópoles brasileiras. Os cientistas pretendem detalhar as vulnerabilidades a partir de um conjunto de dados sobre as duas cidades que inclui aspectos urbanos, socieconômicos e geográficos. A previsão é que o estudo esteja concluído em 2010, para ser apresentado aos governos federal, estadual e municipal para a tomada de decisões sobre as ações propostas para minimizar os efeitos do aquecimento global.

Parque Eólico Brasileiro

No mês de agosto o Brasil ganhou um novo Parque Eólico, localizado no Ceará. O empreendimento é fruto da aliança entre dois grandes líderes no setor energético na América Latina: Cemig e IMPSA. Com 325 hectares e 19 aerogeradores, o Parque Eólico de Praias de Parajuru funcionará em conjunto com outras duass usinas a serem construídas no estado: Praia do Morgado e Volta do Rio.

Juntas, as três usinas terão capacidade para gerar 99,6 MW. A intenção é que nos próximos 20 anos esta energia gerada seja comercializada para a Eletrobrás. Os parques eólicos fazem parte do Programa de Incentivo a Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), desenvolvido pelo Governo Federal, sob coordenação do Ministério de Minas e Energia (MME). A iniciativa visa fomentar o desenvolvimento das fontes renováveis como as eólicas, biomassas, solares, e de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s).

Bolívia sai na frente contra a exploração de animais em circos

A Bolívia saiu na frente no movimento contra o uso de animais em circos. Em julho o presidente Evo Morales assinou uma nova lei que proíbe o uso de qualquer animal em circo. Países como Áustria, Costa Rica, Finlândia e Dinamarca já proíbem há alguns anos animais em circos, mas apenas animais selvagens ou de determinadas espécies. A lei boliviana é a primeira do mundo que proíbe tanto o uso de animais domésticos como selvagens nos picadeiros.

A lei, apresentada pela congressista Ximena Flores of Potosi, surgiu como resultado das evidências de maus-tratos encontradas em uma investigação secreta realizada por uma ONG de proteção animal. Ela considera que o confinamento, privação e maus-tratos impostos aos animais nos circos são atos de crueldade extrema. Os circos terão o prazo de um ano para adequar-se completamente à nova regra, e durante esse período serão duramente fiscalizados pelo governo.

Corais em perigo

Nos últimos meses vários foram os alertas dados por cientistas a respeito dos riscos de extinção de importantes recifes de corais. O renomado cientista Charlie Veron, líder científico do Instituto Australiano de Ciência Marinha, declarou à imprensa mundial que “Não há saída. A Grande Barreira de Corais da Austrália vai desaparecer em 20 anos ou menos.”

“Quando se atingir os altos índices de dióxido de carbono previstos para o período de 2030 e 2060, todos os recifes de corais estarão condenados à extinção. Eles serão os primeiros ecossistemas do mundo a entrar em colapso. Isso é atestado por todos os cientistas e organizações que estudam corais”, alerta Veron.

Alex Rogers, da Sociedade Zoológica de Londres e do Programa Internacional sobre o Estado do Oceano, também declarou recentemente: "A cozinha pegou fogo e o incêndio se espalha pela casa. Se agirmos de modo rápido e decisivo, poderemos apagá-lo antes que o dano se torne irreversível".

Em linhas gerais os cientistas ressaltam que oceanos cada vez mais ácidos e águas cada vez mais quentes, por causa das emissões de dióxido de carbono, podem extinguir os recifes dos mares até o fim deste século Os oceanos absorvem grandes quantidades de CO2 emitido pela queima de combustíveis fósseis e esta absorção prejudica o processo de calcificação usado por criaturas marinhas para criar conchas e os recifes de coral.

Raio-X do ambiente aquático

Paralelo aos alertas dos perigos sofridos pelos corais, no Brasil o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o documento Fauna Ameaçada de Extinção: Invertebrados Aquáticos e Peixes – 2009. O documento é o quarto e último de uma série lançada pelo órgão, desde 2006, trazendo informações sobre aves; mamíferos, répteis e anfíbios; e insetos e outros invertebrados terrestres que podem entrar em extinção, totalizando uma lista de 632 espécies.

No documento recém-lançado, afirma-se que atualmente há no país 238 espécies e subespécies de peixes e invertebrados aquáticos ameaçados de extinção. Entre elas, 41 apresentam estado mais crítico, como o marisco-do-junco, o ouriço-do-mar irregular, o cação-bico-doce e o surubim.A maioria desses animais com risco de desaparecer tem seu habitat em regiões de Mata Atlântica e em estados litorâneos, onde a ação do homem, principalmente com o crescimento das construções imobiliárias, interfere no ciclo natural das espécies.

Segundo Lícia Leone Couto, bióloga do IBGE, a extinção dos animais está ligada à atividade humana. "A principal causa de extinção é a destruição do habitat das espécies e isso ocorre prioritariamente pela ação do homem. Por isso, o mapa aponta maior risco de extinção de animais que têm maior ocorrência em cidades costeiras, que têm grande atividade de construções imobiliárias", explicou.

Medicina sem vivissecação

Passados dois anos desde que o sacrifício de animais foi abolido no curso de Medicina da UFRGS, professores e alunos estão muito satisfeitos. Conflito ético sobre o uso de animais vivos foi o principal motivo para a troca por modelos artificiais nas aulas práticas.

Alunos e professores garantem não haver nenhum prejuízo para o aprendizado médico. “Abolimos o uso de animais porque hoje não se precisa mais disso”, destaca o diretor da Famed, o médico endocrinologista Mauro Antônio Czepielewski. Não faltaram razões, pois havia alunos que não concordavam com o sacrifício dos cães e outros bichos nas aulas. Além da questão ética, a pressão das entidades protetoras dos animais era cada vez maior, conta o diretor.

A mudança foi bastante discutida, e resultou na implantação de um Laboratório de Técnica Operatória, que funciona apenas com réplicas artificiais das partes do corpo humano, explica o diretor. O projeto todo, com reforma de instalações e aquisição dos modelos, importados, custou cerca de R$ 300 mil, com recursos da própria Ufrgs, Famed, Hospital de Clínicas (o hospital universitário) e Promed, um programa do Ministério da Saúde que incentiva mudanças nos currículos dos cursos de medicina.

Em busca da pecuária ambientalmente correta

Depois de sofrer problemas com a comercialização de gado criado em áreas de desmatamento e após um mês de negociação, os dois maiores frigoríficos do Pará e o governo do estado assinaram um acordo com o Ministério Público Federal (MPF) para adequar a produção pecuária às regras ambientais.

O termo de ajuste de conduta assinado com os frigoríficos Bertin e Minerva prevê uma moratória ao desmatamento, ou seja, as empresas compradoras vão exigir que os pequenos fornecedores comprovem que o gado não foi criado em área desflorestada ilegalmente, embargadas ou que utilizem mão de obra análoga à escravidão. Além disso, deverão exigir o reflorestamento de áreas degradadas e o licenciamento ambiental.

Os frigoríficos terão que informar a origem da carne aos consumidores e ao MPF, que vai checar a existência de trabalho escravo, crimes ambientais ou problemas fundiários, como de grilagem ou invasão de terras indígenas e unidades de conservação.Com a assinatura do acordo, as empresas que receberam a recomendação do MPF para encerrar os contratos com os frigoríficos poderão retomar as operações, entre eles os grupos Pão de Açúcar, Carrefour e Wal Mart, que suspenderam as compras de carne dessas empresas desde o mês de junho.

Mata Atlântica on line

No mês de julho, o Instituto BioAtlântica lançou a plataforma GeoAtlântica, que contém dados sobre o bioma mais ameaçado no Brasil: a Mata Atlântica. Mais de 50 fontes contribuíram para a consolidação da base de dados, que inclui informações sobre infra-estrutura, estradas, vias, dutos, portos, hidrelétricas. Foram listadas todas as Unidades de Conservação, federais, municipais e particulares, sendo a base mais completa sobre as UCs nas regiões que agregam a Mata Atlântica..O acesso é gratuito e visa auxiliar no planejamento de ações ambientais. O usuário pode fazer consultas e montar mapas específicos usando filtros e combinando os dados da maneira que julgar necessário. A ideia é que a ferramenta funcione como um suporte para a tomada de decisões no que diz respeito à preservação e conservação da floresta. A plataforma pode ser acessada pelo endereço: www.bioatlantica.org.br/geoatlantica

Brasil na liderança do comércio de agrotóxicos

De acordo com estudo da consultoria alemã Kleffmann Group, o Brasil é atualmente o maior mercado de agrotóxicos do mundo. O levantamento foi encomendado pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), que representa os fabricantes, e mostra que essa indústria movimentou no ano passado US$ 7,1 bilhões. O segundo colocado são os Estados Unidos, com US$ 6,6 bilhões.

Em 2007, a indústria nacional girou US$ 5,4 bilhões, segundo Lars Schobinger, presidente da Kleffmann Group no Brasil. O consumo cresceu no país, apesar de a área plantada ter encolhido 2% em um ano.

Mesmo liderando o comércio, o consumo por hectare ainda é pequeno em relação a outros países. De acordo com o levantamento, o gasto do produtor brasileiro com agrotóxico ainda é pequeno. Em 2007, gastou-se US$ 87,83 por hectare. Na França, os produtores desembolsaram US$ 196,79 por hectare, enquanto no Japão a despesa foi de US$ 851,04.

Ajuda para descarte adequado de baterias e óleo de cozinha

O consumidor brasileiro tem mais duas opções para fazer o descarte de alguns resíduos mais complexos de forma ambientalmente correta. Pilhas e baterias usadas podem ser levadas às agências do Banco Real e colocadas no Papa-Pilhas.

As pilhas e baterias de celulares, câmeras digitais, controle remoto, relógios etc contém materiais que contaminam o solo e os lençóis freáticos, deixando-os impróprios para utilização e consumo. Por isso a necessidade do descarte adequado e especial, e não simplesmente no lixo comum.

Na mesma linha está o óleo de cozinha usado, que despejado na rede de esgoto pode contaminar uma grande quantidade e água – calcula-se que um litro de óleo contamine um milhão de litros de água. Sem contar que ainda provoca a impermeabilização dos leitos e terrenos próximos, contribuindo para a ocorrência de enchentes.

Óleo de cozinha usado pode ser levado em recipientes de plástico ou vidro para qualquer loja das redes Pão de Açúcar e Extra. Todo óleo de cozinha coletado será encaminhado para cooperativas e empresas recicladoras, que o utilizarão como matéria-prima para a produção de biocombustível.

Fontes: Ambiente Brasil, ENN, Ecoagência de Notícias, Portal do Meio Ambiente

*Publicado na edição n. 86 (Julho/Agosto 2009) do Informativo do Instituto Ecológico Aqualung

2 comentários:

Lauesg disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Lauesg disse...

Ah! Entraria um link numa sessão "Parceiros" também, que vamos criar na lateral do blog.

Abraços!