quarta-feira, dezembro 27, 2006
Por Jaqueline B. Ramos
(matéria publicada na Revista dos Vegetarianos - ano 1, n. 3 / outubro 2006)
Pode-se arriscar afirmar sem medo que para a maioria das pessoas que escolhem ter uma dieta vegetariana o fator decisivo é a ética no trato com os animais e o respeito aos seus direitos. Em outras palavras, para evitar a exploração e conseqüente sofrimento destes, faz-se a opção de não ingestão de carnes – ou até da não ingestão ou uso de qualquer produto de origem animal, no caso dos veganos. Considerando esse pensamento fica clara a ligação entre o vegetarianismo e o bem-estar animal, no sentido do primeiro colaborar para o alcance do segundo. Então vegetarianismo e bem-estar animal tem uma relação direta? Ao analisar mais profundamente os dois assuntos, a resposta seria: depende do ponto de vista.
Analisando bem-estar animal como uma ciência cujo objetivo é avaliar e estudar mecanismos para melhorar as condições de vida dos animais que vivem sob o domínio do homem, pode-se seguir a linha de raciocínio de que num mundo onde os humanos não explorassem os animais para comida e obtenção de outros recursos não existiriam problemas de qualidade de vida dos bichos. Logo, não haveria a necessidade de uma ciência de bem-estar animal. Neste contexto, que é o ideal defendido pelos veganos, poderia se pensar então que os dois conceitos não têm uma relação direta.
“A maior parte das pessoas que adota o vegetarianismo em países ocidentais o faz por motivos éticos. Sob este ângulo, a relação entre vegetarianismo e bem-estar animal se torna óbvia. No entanto, devemos fazer uma consideração: a maioria dos vegetarianos concorda que os animais de produção devem receber melhores condições de vida e bem-estar. Mas em momento algum a ciência do bem-estar animal questiona se temos ou não o direito de explorar os animais”, afirma Sérgio Greif, biólogo, mestre em alimentos e nutrição e coordenador do departamento de meio ambiente da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira), cuja atribuição é realizar um levantamento dos impactos ambientais causados pela criação de animais e divulgar esses dados.
Greif aborda justamente a questão mais delicada da relação entre vegetarianismo e bem-estar animal. Deixar de comer carne seria uma atitude suficiente para garantir o bem-estar dos milhões de animais explorados pelo homem em todo o planeta? Embora todo vegetariano que tenha feito sua escolha de dieta alimentar por motivos éticos tenha na ponta da língua uma explicação para justificar a resposta a este pergunta, ela continua, infelizmente, sendo negativa. Esse panorama só mudaria caso os números se revertessem e a maior parte da humanidade adotasse o vegetarianismo como princípio de vida.
Quando falamos de bem-estar e vegetarianismo, a questão principal para reflexão diz respeito ao direito que o homem tem de dispôr dos animais e explorá-los em sistemas de produção, experiências etc, o que é o foco principal da discussão dos veganos. “De acordo com o veganismo, os animais são seres senscientes (dispõem de consciência,ou seja, percebem sua própria presença do 'estar-no-mundo') e que possuem interesses e direitos inalienáveis. Portanto, eles não podem ser utilizados para alimentação, para o vestuário, para testar produtos e nem para diversão. Ou seja, o veganismo não reconhece o direito do homem explorar os animais. O movimento do bem-estar animal, por outro lado, defende que o uso dos animais deve ser livre de sofrimento desnecessário, o que não é um termo muito fácil de definir. Além disso, ele não questiona o direito desse uso”, ressalta Greif.
O conhecimento e a prática do bem-estar animal estão intrinsecamente ligados a uma avaliação moral e ética da história da relação homem X animais. Vários fatores culturais e econômicos influenciam as análises e reflexões e muitos dos assuntos abordados têm um viés extremamente subjetivo, e como disse Greif, muito difíceis de definir de forma objetiva. Porém, conceitos e subjetividades à parte, é fato que o bem-estar animal tem no vegetarianismo, no mínimo, um aliado. E esta afirmação é embasada pela declaração de uma cientista de bem-estar animal. Anabela Pinto, bióloga da Universidade de Cambridge e doutora em Comportamento e Bem-Estar Animal, afirma que os vegetarianos não acabam com a morte dos animais, mas acredita que eles contribuem para a redução de sofrimento de milhares deles.
“Se a preocupação dos vegetarianos é a não existência do sofrimento animal, defendendo a adoção de um sistema de produção que tenha esta prerrogativa, parece paradoxal, mas indiretamente eles estão melhorando as condições de vida dos animais”, ressalta Anabela. “Infelizmente o vegetarianismo e o veganismo ainda não têm peso a ponto de mudar a produção mundial, pois em número de pessoas ainda são minoria. Num mundo ideal não existiriam animais sendo usados por humanos. Portanto, toda atitude que contribua, com o mínimo que seja, para esse ideal é um ato louvável.”
Além de louvável, Anabela sugere que sem abandonar os princípios do vegetarianismo como um ideal de futuro da humanidade, deve-se fazer tudo o que está ao alcance do homem para melhorar a vida dos animais no presente. E aí está o papel da ciência do bem-estar animal. “Também é responsabilidade dos vegetarianos que o são por opção ética se preocuparem com o bem-estar dos animais e apoiarem e pressionarem os seus governos a implementar políticas públicas que reduzam o sofrimento dos animais nos métodos de produção”, opina a bióloga.
Bem-estar animal é bem-estar humano: Uma das maiores ativistas dos direitos dos animais no mundo, a jornalista e política indiana Maneka Gandhi, sempre defendeu a idéia de que bem-estar animal é exatamente a mesma coisa do que bem-estar humano. Ela afirma que o carnivorismo é uma das maiores causas da destruição do meio ambiente e que devemos abandonar nossa arrogância e reconhecer a importância dos animais para as nossas vidas. “Os animais são nossos irmãos e irmãs e nós precisamos deles. A cada pescoço de animal que nós cortamos estamos cortando nossa própria vida, passo a passo, até que mal possamos sobreviver”, já declarou Maneka em seus textos e entrevistas.
George Guimarães, nutricionista especializado em dietas vegetarianas da consultoria Nutriveg, compartilha desse pensamento e ainda complementa a idéia argumentando que uma sociedade que trata bem os seus animais é uma sociedade saudável. “As nossas ações não são desconectadas do resto. Enquanto houver sofrimento para alguns, não pode haver felicidade plena para todos. Quando a humanidade tiver desenvolvido um sentimento claro de respeito às outras formas de vida, isto vai significar que o respeito por outros seres humanos já é pleno”, declara o nutricionista.
Ainda pensando na conexão do bem-estar dos animais não homens com o bem-estar dos animais homens, há estudos que demonstram ligações entre conseqüências maléficas na saúde física do homem causadas pelo consumo de produtos oriundos de sistemas caracterizados por sofrimento e exploração de seres senscientes. “O ato de se alimentar é algo que fazemos todos os dias. Neste ato pode ou não estar incluído o sofrimento de um animal e temos toda a capacidade de escolher qual opção desejamos”, afirma Guimarães, ressaltando que acredita que a adoção de uma dieta vegetariana é a atitude única de maior impacto sobre o bem-estar animal. “Não se pode discutir este assunto sem se considerar o vegetarianismo”, conclui o nutricionista.
Diante de tantas opiniões e pontos de vistas, é consenso que bem-estar animal é um assunto complexo e muito delicado e seu alcance não é tarefa das mais fáceis. Assim como analisar a relação e a contribuição direta e efetiva do vegetarianismo e do veganismo para sua prática num mundo que por motivos culturais, econômicos e sociais é, essencialmente, carnívoro. Adotar o vegetarianismo como estilo de vida, pressionar políticos e empresas em prol da regulação e adoção de práticas mais humanitárias na produção de alimentos e cosméticos, boicotar produtos que foram testados em animais, resgatar e adotar animais abandonados, empenhar-se para divulgar os argumentos a favor de uma dieta vegetariana e educar, viabilizando a disseminação de informação para a população como um todo são algumas das atitudes com potencial, a longo prazo, de promoverem mudanças na relação dos homens com os animais.
E para os vegetarianos e veganos convictos, a bióloga Anabela sugere um auto questionamento em cima de um dilema moral que pode surgir do paradoxo Vegetarianismo e Bem-Estar Animal: mais vale poupar a vida de um certo e pequeno número de animais se abstendo de comer carne ou ajudar na redução do sofrimento de milhões de animais participando da promoção de sistemas de produção orgânico, que criem os animais de uma forma mais natural? Não existe resposta certa para esta pergunta. A escolha é pessoal e intransferível e vale até, em respeito aos animais, marcar a opção “todas as respostas acima”.
Os princípios básicos da ciência do bem-estar animal
A ciência do bem-estar animal foi denominada pela primeira vez com esse nome em 1965 pelo Comitê Brambell, um grupo de estudo criado pelo Governo Britânico para avaliação dos métodos de produção com animais. A idéia base desta ciência é que a relação entre o homem e os outros animais deve ser vista apenas como mais uma das relações naturais existentes. Em alguns casos é caracterizada por exploração e predação e em outros, por simbiose e complementação, mas não deve ser considerada como uma característica especial do homem devido a sua “superioridade” sobre as outras espécies. Portanto, seu objetivo é estudar mecanismos para tornar a relação do homem com os outros animais o menos dolorosa possível para os últimos e para tal parte da análise de informações sobre características fisiológicas, comportamentais, ecológicas etc dos animais.
Desta idéia surgiram alguns princípios, que até hoje norteiam os estudos de bem-estar animal. São eles:
As 5 Liberdades
Todos os animais devem:
1 – Ser livres de Medo e Estresse
2 – Ser livres de Fome e Sede
3 - Ser livres de Descomforto
4 – Ser livres de Dor e Doenças
5 – Ter liberdade para expressar seu comportamento natural
Os 3Rs (para experimentação em laboratórios)
Redução – do número de animais utilizados
Substituição (Replacement, em inglês) – por outras alternativas sem animais
Refinamento – alterando protocolos de experiências para diminuição de dor e sofrimento
Instituições que trabalham questões de bem-estar animal
PETA – People for ethical treatment of animals (http://www.peta.org)
Maior e mais famosa ONG de defesa dos direitos dos direitos dos animais no mundo. Prega o veganismo e o fim da exploração animal em todas as instâncias. Rotineiramente é manchete de jornais em vários países com protestos bem chamativos contra experiências em laboratórios com animais, roupas feitas a partir de peles, exploração de animais em circos etc.
WSPA – World Society for the Protection of Animals (http://www.wspa-international.org/)
ONG internacional também presente em vários países – entre eles o Brasil – que tem como missão elevar os níveis de bem-estar dos animais em todo o mundo, assegurando que esse princípio seja universalmente compreendido e respeitado. A WSPA – Brasil, por exemplo, recentemente criou o Comitê Nacional para Promoção do Bem-Estar dos Animais de Produção (CNPBEA). O objetivo é assessorar o Governo na criação de política e legislação mais avançada para a área.
ALF – Animal Liberation Front (http://www.animalliberationfront.com/)
Movimento considerado mais marginal, pois é formado por ativistas em vários países do mundo que agem clandestinamente invadindo laboratórios e outras instituições para libertar e resgatar os animais e poupá-los do sofrimento e exploração. Há também ações em que os ativistas destroem propriedades para evitar ou inviabilizar o desenvolvimento de atividades econômicas com animais. Os ativistas da ALF não têm sua identidade divulgada e alguns escondem sua participação no movimento até da família.
Interniche – The International Network for Humane Education (http://www.interniche.org/)
Associação de profissionais e estudantes das áreas de biologia, medicina e veterinária que defendem o uso de metodologias de ensino e pesquisa mais humanitárias e sem o uso de animais. Os grupos fazem um intercâmbio de informações e experiências bem sucedidas de substituição de métodos de vivissecção (uso de animais vivos em experiências), por exemplo, defendendo o lema de que é possível desenvolver técnicas científicas mais éticas.
Mal necessário?!**
*Por Jaqueline B. Ramos
Qual seria a justificativa para a continuidade de experimentação com animais vivos uma vez que métodos alternativos já se provam plausíveis e eficientes? É justo os animais serem considerados meros produtos e seu sofrimento não ser poupado com o argumento de que é em nome da ciência, que é um mal necessário? Estas são as indagações centrais que permeiam o roteiro do documentário “Não Matarás: os animais e os homens nos bastidores da ciência”, produzido e lançado este ano pelo Instituto Nina Rosa, organização independente e sem fins lucrativos que promove atividades para divulgação de informações sobre defesa animal, consumo sem crueldade e vegetarianismo.
No início do filme a própria Nina Rosa, respeitada ativista no Brasil, prepara o telespectador para as cenas chocantes que estão para ver alertando que elas retratam uma realidade muito dura que precisa ser conhecida para ser mudada. As cenas, captadas sem autorização dos laboratórios, realmente chocam. E a complementação feita pelos depoimentos questionadores da vivissecção (experimentações com animais vivos) feitos por estudantes e professores de biologia, medicina e veterinária de renomadas universidades brasileiras, ativistas de movimentos de direito dos animais e também por cientistas surpreendentemente racionaliza o debate, que geralmente é rebatido pela comunidade científica mais cética com o argumento de ser uma discussão subjetiva e meramente emotiva.
Ativistas e cientistas brasileiros, norte-americanos e europeus esclarecem que atualmente a gama de métodos alternativos sem o uso de animais vivos – experimentações in vitro, simuladores virtuais e outros recursos midiáticos extremamente avançados, apenas para citar alguns exemplos - é muito grande e acessível, ao custo de investimentos iniciais um pouco maiores e, principalmente, vontade dos profissionais envolvidos de unir ciência e compaixão. Além disso, o documentário mostra que as técnicas alternativas e mais humanitárias já se mostram muito mais eficientes para o homem do que os testes em animais, sob o ponto de vista da própria ciência. Um exemplo dado é o da talidomida. Quando foi testada em roedores, no final dos anos 50, não causou efeitos colaterais significativos. No entanto, quando mulheres grávidas passaram a ingerir a substância como prescrição para enjôos matinais, seus bebês nasceram com graves problemas de má-formação.
Ao assistir “Não Matarás” é mais do que natural que você se pergunte: o que posso então fazer para evitar o sofrimento em vão e desnecessário de roedores, cachorros, gatos, coelhos, chimpanzés, entre outros animais? Para o consumidor, o filme orienta a procura por informações sobre a fabricação de produtos de limpeza, higiene, cosméticos, remédios e alimentos e o questionamento sobre a realização de testes com animais. O conselho é boicotar e dar preferência a produtos orgânicos, hoje crescentemente disponíveis no mercado. A Dra. Jane Goodall, renomada primatóloga e antropóloga britânica e atual mensageira da Paz da ONU, é uma das entrevistadas no documentário. Ela resume em uma frase a responsabilidade do consumidor neste assunto: “se as pessoas não comprarem produtos obtidos a partir de sacrifícios de animais, não haverá mais razão para se fazerem os testes.” Simples assim. Assista o vídeo e tire a sua conclusão.
* Jornalista Ambiental e aluna do Curso Internacional de Bem-Estar Animal da Universidade de Cambridge
Título: “Não Matarás: os animais e os homens nos bastidores da ciência”
Ano: 2006
Origem: São Paulo, Brasil
Duração: 65 minutos
Direção: Denise Gonçalves
Onde encontrar:
Loja virtual do Instituto Nina Rosa:
http://www.001shop.com.br/lojas/institutoninarosa.org.br/
** Resenha publicada na revista do IDEC (Instituto de Defesa do Consumidor), edição n. 104 / outubro 2006
Por Jaqueline B. Ramos*
Depois de dois anos de estudos e pesquisas, a União para a Conservação Mundial (em inglês IUCN – The World Conservation Union) divulgou em maio a nova lista vermelha internacional, documento oficial de listagem das espécies de animais e plantas que se encontram em perigo de extinção em todo o mundo. E infelizmente as novidades não são muito boas. Das cerca de 40 mil espécies estudadas de 2004 a 2006, concluiu-se que aproximadamente 40% correm algum tipo de risco. Em números absolutos isso significa que 16.119 animais e plantas se encontram, em diferentes escalas, ameaçadas de extinção, o que representa um aumento de 530 espécies desde o último levantamento.
"A Lista Vermelha mostra uma tendência clara: a perda da biodiversidade está aumentando, não desacelerando. As implicações disso para a produtividade e resistência dos ecossistemas e para a vida e sustento de bilhões de pessoas que dependem deles vão longe", afirmou Achim Steiner, diretor-geral da IUCN, na época da divulgação do estudo. “Reverter esta tendência é possível, conforme vários projetos de conservação já provaram. Mas para o sucesso em escala global precisamos de alianças e parcerias de vários setores da sociedade. A biodiversidade não poderá ser salva apenas por ambientalistas”, completou Steiner.
Ilustrando o diagnóstico da biodiversidade mundial em números, a lista mostra que o total de espécies consideradas extintas chega a 784 e as extintas na natureza, que somente são encontradas em cativeiro, somam 65. Os quantitativos divulgados pela IUCN podem parecer pequenos diante da grandeza da diversidade biológica mundial estimada pelos cientistas. Acredita-se que existam em todo o planeta cerca de 15 milhões de espécies. Destas, apenas 1,8 milhões são estudadas e analisadas pelo homem. E o estudo da IUCN é o demonstrativo da radiografia de menos de 3% destas espécies conhecidas.
Leia a matéria completa aqui.
*Matéria publicada no informativo do Instituto Ecológico Aqualung n. 69 (setembr/outubro 2006)
Por Jaqueline B. Ramos*
Dra. Jane Goodall, primatóloga e antropóloga britânica que estudou a vida social e familiar dos chimpanzés ao longo de 40 anos
Uma das maiores descobertas da reflexão e estudo sobre meio ambiente é que tudo (tudo mesmo) a sua volta, inclusive você, está dentro dele (ou é ele). Essa afirmação parece tão óbvia que corre o sério risco de perder sua importância e cair na armadilha de “papo chato de ambientalista”. Mas foi em armadilha similar que o homem caiu e se enraizou, criando a cultura da natureza como fonte inesgotável de recursos e do ‘quanto mais melhor’, não importa as consequências.
Exemplificando, entre estes recursos estão os animais. Além de fonte de alimentos, os animais hoje são explorados das mais variadas formas (experiências em laboratórios, tráfico, circos etc). E por acreditar ser superior às outras criaturas, o homem desenvolveu formas de exploração extremamente injustas e covardes, o que causa sofrimento e dor aos animais.
Do que precisamos então? Primeiramente entender que não somos melhores e nem piores que os animais. Nossa relação com eles é mais uma entre as inúmeras relações que encontramos na natureza. Segundo: faz-se necessário repensar os modelos e o modo de lidar com nosso cotidiano, reorientando nossos costumes. Em outras palavras, para fazermos as pazes com a natureza e os animais, precisamos colocar em prática a educação ambiental.
Educação ambiental não é assunto para ser discutido somente por educadores ou matéria de escola. É assunto para se refletir na família, com o seu vizinho, com os amigos, na empresa, na igreja, nos jornais, enfim, para se colocar em prática no dia-a-dia. Da separação do lixo em casa à escolha de um produto ambientalmente responsável, diz respeito à quebra de paradigmas ultrapassados em prol de relações mais sustentáveis e da qualidade de vida. Esse é o caminho que levará, mesmo que seja a longo prazo, a mudanças em costumes que precisam ser aprimorados, do contrário o planeta não comportará tamanhos excessos. E as relações com animais, no meio disso tudo, ficarão cada vez mais injustas, causando malefícios para eles e para nós mesmos.
*Texto publicado na revista do IVVA-Campinas (Instituto de Valorização da Vida Animal) - ano 1, n. 2 - setembro/outubro 2006