quinta-feira, dezembro 20, 2007

Curtas

por Jaqueline B. Ramos*

God save the Amazon!

No Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho) e com apoio de várias personalidades e entidades ambientalistas, a ONG inglesa Cool Earth lançou uma campanha no seu site com o objetivo de frear o desmatamento na Amazônia. O projeto da ONG propõe patrocínios para a compra de pedaços de terras da floresta em forma de doações de 35 libras (aproximadamente R$ 140,00), valor equivalente a meio acre de terra, ou 2 mil metros quadrados de mata.

Enquanto isso, entidades brasileiras consideram a iniciativa da ONG inglesa bem intencionada, mas “inocente” e pouco realista. O Ministério do Meio Ambiente ressaltou que a Lei de Gestão de Floresta Pública, em vigor desde o ano passado, proíbe a venda de qualquer área na floresta que já não tenha títulos de propriedade privada. Já o braço do Greenpeace no Brasil lembra que o processo de grilagem de terras públicas na região foi tão intenso que é muito difícil identificar grandes extensões de terras com documentação legal. Controvérsias a parte, se depender dos ideais da campanha e da arrecadação de dinheiro, a Amazônia está bem amparada, pois com uma semana do lançamento da campanha a ONG já tinha recebido 20 mil doações. “O que realmente estamos tentando fazer é simplesmente criar um mecanismos para a geração de recursos e colocar esse dinheiro nas mãos das comunidades nas florestas tropicais, para assegurar que eles consigam um melhor nível de vida mantendo a floresta de pé”, declarou à imprensa Mathew Owen, diretor da Cool Earth.

Fim do sushi???

O sushi, um dos pratos japoneses mais apreciados no mundo, corre sério risco de extinção. O motivo é uma velha conhecida: a pesca predatória, que reduziu os estoques do atum-azul no Mediterrâneo e no Atlântico em 10% comparado com o número da espécie encontrado no século passado. Este dado se torna ainda mais alarmante quando combinado com outras situações dramáticas já constatadas. A pesca indiscriminada do peixe predileto dos japoneses para sushis e sashimis já tem como resultado o fato da espécie estar quase extinta nos oceanos Pacífico e Índico e já ter desaparecido nas costas da Escandinávia.

A problemática da pesca predatória do atum-azul começou na década de 90, quando a culinária japonesa se popularizou na Europa e nos Estados Unidos e, consequentemente, a pesca cresceu em proporção geométrica e de forma insustentável. Grandes corporações pesqueiras passaram a utilizar recursos tecnológicos e em vários países do Mediterrâneo surgiram fazendas de cultivo do atum-azul, onde os cardumes vivem em gaiolas num processo de engorda até serem abatidos. O resultado é uma pesca em excesso na qual o homem não dá tempo para a população da espécie se renovar, já que é necessária uma década para o atum-azul se tornar apto a procriar.

Diante de uma própria atitude insustentável do homem, resta apenas sua própria lamentação: "Sushi sem atum não é sushi", declarou para a revista Veja Tadashi Yamagata, vice-presidente do sindicato de sushimen do Japão. O preço do peixe já disparou 30% no mercado japonês. Mas o pior são as soluções encontradas. "Já experimentamos fazer sushi com carne de cavalo no passado e deu certo", disse Shigezaku Ozoe, dono do restaurante Fukuzushi, em Tóquio. "É uma carne macia, fácil de morder e que não tem cheiro. Se o pior acontecer, poderemos tentar utilizar essas carnes em substituição ao atum", diz Ozoe. Enquanto isso, o atum-azul e o verdadeiro sushi continuam em risco de extinção e o cavalo ainda “paga o pato”...

Vitória das baleias na Europa...

Apesar dos fortes lobbys para derrubar a proibição de caça às baleias, o grupo de países baleeiros liderados por Japão, Islândia e Noruega sofreu mais uma derrota. Na 14o reunião das partes da CITES (Comissão Internacional de Comércio de Espécies Ameaçadas), realizada na Holanda em junho, os países não conseguiram derrubar o status de proteção de todas as espécies de baleias e a comercialização de qualquer produto decorrente da caça destes animais continua sendo considerada atividade ilegal. A vitória das baleias na CITES foi antecedida por outra conquista: algumas semanas antes a IWC (International Whalling Comission, em inglês) declarou publicamente durante sua convenção anual que tinha fortes críticas sobre o “trabalho de pesquisas com baleias” realizado pelo Japão na Antártida.

... e crueldade com golfinhos no Brasil

A crueldade contra 83 golfinhos, mortos após terem seus olhos e dentes arrancados por pescadores no Amapá, foi veiculada em rede nacional de televisão no mês de julho, chocando pelas cenas de covardia. E, se depender do Instituto Sea Shepherd Brasil (ISSB), tamanho absurdo não vai passar em branco. A ONG ingressou com uma Ação Civil Pública com pedido de liminar na Justiça Federal do Amapá contra o Ibama, que filmou o crime cometido pelos pescadores, mas não informou os nomes dos proprietários das embarcações, impedindo o andamento do processo judicial para condenar os culpados.

“O Sea Shepherd Brasil não ficará de braços cruzados diante deste absurdo. A crença, a falta de informação e a tradição não são argumentos para a crueldade, a ilegalidade e a degradação do meio ambiente, patrimônio de todos”, diz Daniel Vairo, fundador do ISSB, ressaltando a ONG tentou de todas as formas obter o nome dos responsáveis pelo massacre, sem sucesso junto ao Ibama.

Icebergs X Efeito Estufa

Um estudo publicado na revista Science Express revela um processo natural que pode ajudar no combate do efeito estufa. Pesquisadores do Aquário do Instituto de Pesquisa da Baía de Monterey, na Califórnia, constataram que os icebergs podem acelerar a absorção de gases como o dióxido de carbono da atmosfera, pois a partir do momento que derretem liberam material rico em ferro nas águas. A partir de levantamentos feitos em ilhas de gelo flutuantes na Antártida, os pesquisadores demonstraram que esta situação estimula o desenvolvido de ecossistemas marinhos ricos em fitoplânctons, que atraem mais espécies de vida marinha , algumas com grande capacidade de remover o CO2, como algas e krill. A ironia é que, apesar de estarem derretendo por conta do aquecimento global, os icebergs acabam tendo um papel positivo no seu controle.

Pioneirismo brasileiro

O Brasil sai na frente na área de produção de plásticos a partir de etanol (cana-de-açúcar). A empresa petroquímica brasileira Braskem, líder latino-americana em produção de resinas, apresentou o primeiro polietileno "verde" certificado do mundo. Desenvolvido pelo Centro de Tecnologia e Inovação da companhia, o polietileno “verde” brasileiro foi certificado pelo laboratório da multinacional Beta Analytic, que o considerou como produto com 100% de matéria-prima renovável. Segundo a Braskem, a produção comercial em escala do polietileno "verde" de alta densidade, utilizado para pacotes flexíveis, será iniciada em 2009 e faz parte do compromisso mundial da empresa em contribuir com a redução da emissão de gases poluentes. O projeto recebeu R$ 5 milhões em investimentos e visa atender o mercado internacional em setores como o automotivo, empacotamento de alimentos, cosméticos e artigos de higiene pessoal.

Rios da Índia pedem socorro

A saúde dos rios da Índia e, consequentemente, de sua população estão correndo sérios riscos. O alarme foi feito pelo Centro para Ciência e Meio Ambiente, instituição do próprio país, e a causa apontada são as toneladas de esgoto jogadas diariamente nos rios sem tratamento. Só a cidade de Nova Déli produz 3,6 bilhões de litros de esgoto por dia e menos da metade é efetivamente tratada. O restante é descartado no rio Yamuna, que, segundo a Central de Controle de Poluição do país, tem 70% de sua poluição originada de esgoto humano.

O resultado é o aumento de doenças veiculadas pela água poluída em adultos e crianças de comunidades pobres que vivem na beira dos rios, bebendo e tomando banho de suas águas. “Fala-se muito da poluição industrial nos nossos rios, mas o esgoto também é um problema muito sério”, declarou Sunita Narain, diretora do Centro para Ciência e Meio Ambiente. “O Yamuna reflete o que está acontecendo em quase todos os rios indianos. Ele está morto, mas ainda não o enterramos.”, completou.

Grande migração de mamíferos

Pesquisadores da organização norte-americana Wildlife Conservation Society (WCS) fizeram uma descoberta surpreendente no Sudão. Visando estudar os possíveis impactos da guerra civil vivida pelo país na sua fauna, pesquisadores não só constataram que a vida selvagem não tinha desaparecido, mas também havia crescido significativamente, podendo inclusive representar a maior migração de mamíferos grandes da Terra já registrada.

A partir de imagens aéreas no sul do país foram observados 1,3 milhão de vários tipos de antílopes africanos, gazelas, entre outros mamíferos terrestres migratórios, além de 8 mil elefantes. Os conservacionistas americanos chegaram a avistar uma coluna de antílopes migratórios de 80 quilômetros de extensão e 50 quilômetros de largura. "Nunca tínhamos visto vida selvagem em tais números, nem mesmo sobrevoando migrações em massa na Tanzânia", disse o cientista Michael Fay, que conduziu as pesquisas da WCS no Sudão.

Abaixo ao paletó!

Em nome do combate ao aquecimento global, os funcionários da principal companhia do setor energético da Itália, a Eni, não precisam mais trabalhar vestidos com gravata e paletó. O objetivo é reduzir o desperdício de energia causado pelo uso excessivo do sistema de ar condicionado. A idéia de dispensar o paletó foi votada quase por unanimidade pelos 20 mil funcionários da empresa, que estão preferindo abrir mão da tradição da elegância por conta das altíssimas temperaturas que vieram afetando o país.

Elegância e confortos a parte, a idéia da Eni é contribuir na diminuição da emissão de gases de efeito estufa com o uso mais racional do ar condicionado no verão. A empresa estima que a redução do funcionamento dos aparelhos em apenas um grau já vai representar uma economia de 9% no consumo de energia. Nos escritórios de Milão, por exemplo, esse número equivale a 217 mil kW, o mesmo que as emissões economizadas se 140 de seus funcionários usassem transportes públicos em vez de seus carros.

Bolsa de Valores Ambiental

A Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (Bovespa) lançou um projeto que demonstra que o mundo financeiro pode (e deve) trabalhar em prol de valores ambientais e sociais. Trata-se do programa Bolsa de Valores Sociais e Ambientais (BVS&A), iniciativa da entidade iniciada no final de maio após o sucesso da Bolsa de Valores Sociais, projeto implementado em 2003 e que até hoje já repassou cerca de R$ 50 mi para mais de 30 ONGs da área social. Uma equipe de especialistas da área socioambiental analisa os projetos inscritos e após aprovação estes são inseridos no site da instituição, ficando à disposição para doações por parte dos investidores. Vale ressaltar que a Bovespa repassa 100% dos recursos captados para os projetos inscritos. Maiores informações no site
www.bovespasocial.com.br.

Carros “a óleo”

A California está dando um passo a frente nas experiências de transformar óleo usado de cozinha na produção de combustível para carros movidos a diesel. A companhia Energy Alternative Solutions, Inc (EASI) está com parcerias com grandes supermercados e redes de restaurantes, como o controverso Kentucky Fried Chicken, em um projeto de reciclagem de óleo usado em combustível alternativo. A companhia anunciou que irá vender o biodiesel chamado de B20 – composto de 80% de diesel regular com 20% do biodiesel gerado do óleo – nas regiões central e norte do estado (as cidades de São Francisco e Berkeley já usam biodiesel nas frotas municipais). A EASI ressalta que o B20 pode ficar de 10 a 20% mais barato que o diesel regular e está com a expectativa que a parceria para uso de óleo de cozinha ajude a impulsionar a atual produção de 1 milhão de galões/ano para 4 milhões até o final de 2007.

Sacolas ecológicas

Lojas e supermercados de São Paulo terão de fornecer aos seus clientes sacolas biodegradáveis a partir de 2008. O projeto 534/07, do deputado Sebastião Almeida, foi aprovado pela Assembléia Legislativa de São Paulo no mês de junho e seguiu para sanção do governador José Serra. As novas embalagens deverão ser oxi-biodegradáveis, que se caracterizam pela degradação inicial por oxidação acelerada por luz e calor e têm a capacidade de serem biodegradadas por microorganismos, com resíduos finais não tóxicos. Os estabelecimentos comerciais terão o prazo de um ano, a contar da data de publicação da lei, para substituir as sacolas comuns pelas biodegradáveis.

Fontes: BBC Brasil, Ambiente Brasil, ENN (Environmental News Network), Planet Ark (Reuters), revista Veja


* Notas publicadas no informativo n. 74 (julho/agosto 2007) do Instituto Ecológico Aqualung

Um comentário:

Anônimo disse...

Sabe que sou seu fã.
bjs.

Manel.